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Mostrando postagens de julho, 2019

Era tudo o que mais queria

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B rasil. 2019.  X vivia de forma solitária.  Ficava em casa, no seu quarto ao invés de interagir com pessoas, frequentar espaços públicos ou respirar arte.  A tecnologia, porém, era sua companheira. Nas redes sociais, conversava com diversas pessoas sob um pseudônimo, uma conta anônima, escondendo sua verdadeira identidade. Com o celular nas mãos, passou a não prestar mais atenção ao mundo à sua volta, nas pessoas, nos locais, em tudo.  Com os fones de ouvido, já não ouvia mais os sons das vozes, dos pássaros cantando, do vento e nem do insuportável barulho produzido pela construção civil.  Usando o corretor automático, já não entendia a própria língua nativa.  Dentro da bolha das mídias sociais e por conta dos algoritmos, já não tinha gostos próprios e consumia somente o que lhe era recomendado.  Aos poucos, passou a não respirar mais ar fresco ou ver a luz do sol e a lua à noite, tampouco notou que, como não falava mais, hav...