Spike Lee faz um retrato dos nossos tempos no excelente "Infiltrado na Klan"
É muito oportuno, e irônico eu diria, no momento em que vivemos ver nos cinemas um filme como "BlacKkKlansman", exibido ontem (19) na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e que deve estrear no próximo dia 22, em novembro, sob o titulo de "Infiltrado na Klan".
Dirigido por Spike Lee - De "Malcom X" e "Faça a Coisa Certa" -, acompanhamos Ron Stallworth, primeiro policial negro de Colorado Springs, que se faz passar por um supremacista branco e, com sucesso, consegue se infiltrar na filial local da infame Ku Klux Klan, ajudado por seu parceiro, um policial judeu.
"Baseado em um lance que realmente aconteceu", toda a ironia, o humor e a melancolia que acompanham o desenvolvimento do roteiro de "Infiltrado na Klan" consegue, brilhantemente, usar o passado - estamos falando da década de 70 afinal - para falar do presente. Fala-se de Donald Trump inúmeras vezes, apesar de nunca citar seu nome e, claro, da ideia, ainda infelizmente presente, da "América branca", zombando com inteligência dos brancos de ego frágil. E a direção de Spike Lee, que sempre alternou muito bem entre o drama e a comédia, traz uma trama muito forte em uma edição ágil, em especial em momentos em que vemos duas situações simultâneas - como em uma sequência entrecortada por uma reunião da KkK e outra do encontro de um movimento negro.
Filho de Denzel, John David Washington faz muito bem o protagonista Ron Stallsworth e Adam Driver, que faz o judeu Flip, atua na mesma medida, conseguindo mudar de engraçado para triste com eficiência. Corey Hawkins, que interpreta o ativista negro Kwame Ture, faz uma participação curta mas merece destaque, o mesmo vale para Laura Harrier, que interpreta a presidente de um grêmio estudantil e Topher Grace, que faz o líder da KkK David Duke.
Como disse no início, é muito bom ver um filme como "Infiltrado na Klan" no momento em que estamos, principalmente aqui no Brasil, onde podemos eleger o atraso daqui uma semana. Apesar de um bom humor, Spike Lee não poupa o público de assistir a cenas de completa injustiça e violência. O discurso explicitamente racista feito brilhantemente por Alec Baldwin no início do filme é um retrato da nossa era, onde vemos pessoas que não tem motivos para odiar mas odeiam só para se sentirem superiores.
Não satisfeito, Lee ainda faz questão de cortar para Charlottesville, Virginia, onde, em 2017, ocorreram diversas manifestações de supremacistas brancos de extrema direita contra a remoção de uma estátua de um general pró-escravatura. Entre placas com a suástica nazista e gritos de ódio, e um atropelamento em um manifestação anti-racismo - um verdadeiro soco no estomago -, a projeção se encerra nada mais nada menos do que com a imagem da bandeira dos EUA virada ao contrário. Enquanto a vemos vertiginosamente perdendo a cor, uma nação perde sua alma.
Dirigido por Spike Lee - De "Malcom X" e "Faça a Coisa Certa" -, acompanhamos Ron Stallworth, primeiro policial negro de Colorado Springs, que se faz passar por um supremacista branco e, com sucesso, consegue se infiltrar na filial local da infame Ku Klux Klan, ajudado por seu parceiro, um policial judeu.
"Baseado em um lance que realmente aconteceu", toda a ironia, o humor e a melancolia que acompanham o desenvolvimento do roteiro de "Infiltrado na Klan" consegue, brilhantemente, usar o passado - estamos falando da década de 70 afinal - para falar do presente. Fala-se de Donald Trump inúmeras vezes, apesar de nunca citar seu nome e, claro, da ideia, ainda infelizmente presente, da "América branca", zombando com inteligência dos brancos de ego frágil. E a direção de Spike Lee, que sempre alternou muito bem entre o drama e a comédia, traz uma trama muito forte em uma edição ágil, em especial em momentos em que vemos duas situações simultâneas - como em uma sequência entrecortada por uma reunião da KkK e outra do encontro de um movimento negro.
Filho de Denzel, John David Washington faz muito bem o protagonista Ron Stallsworth e Adam Driver, que faz o judeu Flip, atua na mesma medida, conseguindo mudar de engraçado para triste com eficiência. Corey Hawkins, que interpreta o ativista negro Kwame Ture, faz uma participação curta mas merece destaque, o mesmo vale para Laura Harrier, que interpreta a presidente de um grêmio estudantil e Topher Grace, que faz o líder da KkK David Duke.
Como disse no início, é muito bom ver um filme como "Infiltrado na Klan" no momento em que estamos, principalmente aqui no Brasil, onde podemos eleger o atraso daqui uma semana. Apesar de um bom humor, Spike Lee não poupa o público de assistir a cenas de completa injustiça e violência. O discurso explicitamente racista feito brilhantemente por Alec Baldwin no início do filme é um retrato da nossa era, onde vemos pessoas que não tem motivos para odiar mas odeiam só para se sentirem superiores.
Não satisfeito, Lee ainda faz questão de cortar para Charlottesville, Virginia, onde, em 2017, ocorreram diversas manifestações de supremacistas brancos de extrema direita contra a remoção de uma estátua de um general pró-escravatura. Entre placas com a suástica nazista e gritos de ódio, e um atropelamento em um manifestação anti-racismo - um verdadeiro soco no estomago -, a projeção se encerra nada mais nada menos do que com a imagem da bandeira dos EUA virada ao contrário. Enquanto a vemos vertiginosamente perdendo a cor, uma nação perde sua alma.
Por: Victor Braz
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