Anti-clímax

E se você descobrisse a existência de alguém mais qualificado para viver sua vida? 

Pensamento que antes nunca havia experimentado agora paira sobre a mente de Alex  Turner após avistar alguém conhecido, quer dizer, familiar até demais: a si mesmo. 

Óbvio, num local lotado como o metrô em horário de pico é extremamente difícil olhar alguém e pensar "eu conheço de algum lugar...", quando acontece muitas vezes só é uma figura semelhante a quem você imaginou, contudo, é raríssimo encarar uma pessoa e dizer "sou eu? Parece comigo..." - nada é impossível, no entanto. 

Mas essa sensação de estranheza não é algo que se presume, ela realmente estava presente. Quando avistou-se em meio a multidão, Alex não pensou duas vezes e tentou chegar o mais próximo possível, e, conforme ia avançando, cada vez mais percebia as semelhanças e já estava claro que era ele, não havia mais perguntas. 

(Detalhe, seu "outro eu" estava de costas o tempo inteiro, mas ele se conhece, da mesma forma que você, imagino, se conhece).

Sua certeza era tamanha que já se pegava refletindo sobre como pensa e age o seu outro eu. 

- Ele votou em quem? Será que ele é otário? Ele é fã do Adam Sandler? Ele come miojo?

Tudo bem, não são os tipos de pergunta que se faz quando se interessa por alguém, até mesmo quando esse alguém é você mesmo, todavia, seu estágio de confusão e euforia impediam essa lucidez. De qualquer forma, o que não queria era que fossem iguais, de corpo sim é claro, mas de pensamento...ele não suportaria conviver consigo mesmo. 

Dentro desse turbilhão de sentimentos, Turner, entretanto, começa a desconfiar dessa coincidência dos astros: "Por que, dentre mais de sete bilhões de pessoas, há um outro "eu" no mundo? Por que eu"?

Logicamente, sua indagação tem sentido, não há porquê, a não ser que Deus tenha tido preguiça. Plausível.

Não é a toa. Por mais que você esteja o acompanhando, Alex Turner é somente um ser humano normal, na realidade, muito normal, por tanto, não existem motivos que expliquem esse evento verdadeiramente mágico... A não ser que sua vida tenha sido criada num instante por um jovem que acha que escreve e teve uma ideia "genial" após ver um filme e pensar "que louco seria encontrar a si mesmo num lugar" e, de início, estar sendo muito filosófico e, com o tempo, acaba caindo num surrealismo bizarro e agora não sabe como terminar, porque percebeu que nada tem sentido...e que está apelando para a metalinguagem barata para ocupar as linhas e, com toda a sorte do mundo, impressionar você, o(a) leitor(a). Pouco provável, mas com sentido.


(Aliás, porque ele tem o mesmo nome do frontman do "Arctic Monkeys" se é brasileiro?)

Com tudo isso em mente, ele já não entendia mais nada. Apesar da pergunta do inicio já ter sido respondida, Alex ainda têm a sensação de estar sendo seguido, e por alguém familiar, mas familiar até demais...

Por: Victor Braz

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