Criatura x Atleta

Está um sol escaldante na selva. Ali, junto as cobras, o gado e os engravatados (tem que ter, né) encontra-se o Atleta. Ele esbanja sua pochete, seu cabelo com gel e um vocabulário reduzidíssimo, mas incisivo.

O homem caminha com uma postura de militar, sempre olhando para frente e reto – por dentro, tem medo, mas isso é outra história. Anda pela mata sem um rumo ou objetivo certo, simplesmente vai, a esmo. De repente, ouve algo: “Ou é índio ou é militante do MST”, pensa o Atleta. Sua pose muda e agora anda mais rápido, veste um casaco com o rosto de Paulo Guedes para se proteger.

Os sons continuam e o homem não sabe o que fazer, como agir e nem em que pensar. “O que Lula faria?”, fala consigo mesmo.

Acelera o passo. O sol praticamente o persegue. Chegando em um campo aberto, o Atleta depara-se com seu maior inimigo: A Criatura. Ela é bípede, acinzentada e possui bico. Movimenta-se curvada e parece não enxergar o homem, ele é invisível. E tem medo, porque se lembra do que o animal o fez na última vez. A Criatura, por outro lado, não demonstra remorso e o pior, o ignora, solenemente.

O único diálogo que tiveram no primeiro encontro foi após o ataque, quando, depois de bicado, o Atleta falou “Porra!” no que o bicho respondeu “crrriiish” – o que na língua animal equivale a “faz a ‘arminha’ que passa”.

Mas o homem, desta vez, veio precavido, trouxe uma arma. Olhando fixamente para o animal, sacou do seu bolso uma caixa com os dizeres “Medicamento genérico: Hidroxicloroquina e lançou-a no ser de duas patas. Rápida como um golpe, a Criatura engoliu por completo a caixa inteira. Cresceu, ficou gigante, podia voar.

O atleta, por outro lado, agora estava menor. A Gigante Criatura olha para ele e vai embora, sem falar nada. 

Havia, enfim, vencido.


Victor Braz

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Guerra Civil, de Alex Garland - Uma Análise

Critica: Batman: O Cavaleiro Das Trevas - Parte 1 e 2

Era tudo o que mais queria