Critica: Batman v Superman - A Origem da Justiça

Zack Snyder se reinventa e abandona maneirismos em viés mais clássico. 
Ao contrário do bom cinema pipoca, onde se encontram Os Vingadores, Homem de Ferro e outros diversos longas da Marvel, os filmes da DC Comics, como Watchmen, buscam ir para um cinema mais sério e artístico, e o tão esperado Batman v Superman - A Origem da Justiça (2016), continuação de O Homem de Aço, também dirigido por Zack Snyder e produzido por Christopher Nolan, vem com um viés mais clássico. Muito disso se dá a ótima trilha-sonora de Hanz Zimmer junto ao Junkie XL, que junta músicas no estilo clássico (como o tema de Lex Luthor) com outras mais parecidas com rock, ala 300, também de Snyder. Porém, maneirismos como o do excessivo slow-motion aqui são usados mais em cenas mostrando personagens ou em flashbacks - acompanhadas de faixas com tons opressivos - e não só nas lutas. E falando de lutas, há menos cortes, mais planos abertos e uma câmera que acompanha cada personagem, e também há mais sequências marcantes, como a primeira aparição da Mulher-Maravilha (Gal Gadot). 
A luta da noite
Nos quadrinhos, o embate entre o Kryptoniano e o Morcego de Gotham é também por ideais diferentes. Enquanto na HQ de Frank Miller os heróis  foram praticamente extintos, e o Batman, aposentando, o Super-Homem, o último em atividade, é usado pelo governo como arma de guerra, e por senso de justiça Bruce Wayne volta a ativa pois inúmeras gangues estão sob o comando de sua cidade. Porém, o Cavaleiro das Trevas, que usa de violência para conseguir informações, é tido como criminoso, e até como perigo. E quando se fala em perigo, o Super-Homem surge, e tenta convencer o Homem-Morcego a parar, por bem ou por mal. E, como todos sabemos, foi por mal. E boa parte da trama foi aproveitada por Snyder, que teve de amarrar toda a trama para que fosse condizente com os acontecimentos pós O Homem de Aço. Tanto que aqui vemos as consequências da destruição de Metrópolis na batalha entre o Superman (Henry Cavil) e o General Zod (Michael Shannon), que causou milhões de mortes e afetou praticamente um mundo inteiro, incluindo o bilionário Bruce Wayne (Ben Affleck) e o problemático Lex Luthor (Jesse Eisenberg). Porém, Batman, que já atua contra a criminalidade de Gotham á 20 anos, vê em Kal-El, não uma salvação, mas alguém que pode acabar com cidades quando bem entender. 
E por ideias e um também senso de justiça, Gotham se torna um campo de batalha, ou melhor, um octódromo do UFC, onde a luta da noite é entre um homem e um deus. E o filme nos dá exatamente isso. Contudo, o ritmo mais lento ajuda para criar o suspense e um ponto de ignição, mas pode atrapalhar para quem quer algo mais rápido, algo quase irônico no caso de Snyder. Já que praticamente faz um longa com menos estilo, mas com cenas imagéticas que puxam muito pra um cinema mais lynchiano - como toda a sequência na decadente Metrópolis, com suas erupções, soldados crentes ao deus alienígena e demônios que caem do céu -, ou seja, em terreno aparentemente desconhecido mas que faz uso perfeito. 
Em termos de referências, é a película que melhor monta o futuro do Universo Cinemático DC, já mostrando importantes personagens e acontecimentos. Pode-se dizer ser o mais refinado, até se comparando a trilogia Cavaleiro das Trevas de Christopher Nolan encerrada em 2012, com bom uso de grandes efeitos especiais, direção de arte, figurino e até da já comentada trilha sonora. 
E as atuações também são bem trabalhadas. Todavia, apesar de ainda dominar o dom do teletransporte, a Lois Lane de Amy Adams ganha mais importância, até mais do que deveria, mas não acrescenta muito ao enredo. Engraçado e irônico, o Alfred de Jeremy Irons é o melhor desde o de Michael Caine, e tem grande papel na história em aconselhar Bruce Wayne, bem interpretado por Ben Affleck, que enfim se redime por outro papel num grande filme de quadrinhos, o já citado Demolidor - O Homem Sem Medo. E com mais peso no roteiro, Henry Cavil faz o possível para conseguir atuar como Clark Kent e como Super-Homem sem ficar parecido, algo que Christopher Reeve já havia feito muito bem. E Gal Dadot, a Mulher-Maravilha, Consegue uma atuação na medida, mas não faz algo muito impressionante igual ao Luthor de Eisenberg, que incorpora a mente psicótica do jovem bilionário, com tiques e gritos, ou seja, um papel de extremos que mal dirigido poderia render um overacting. 
É claro que há problemas como qualquer produção. Erros de continuação e conveniências no roteiro estão presentes, mas nada que comprometa muito, já que vemos o inicio do universo DC Comics no cinema, que ainda tem os vindouros, Mulher Maravilha, The Flash, Aquaman e os dois filmes da Liga da Justiça, entre outros. E é um bom começo. Agora com um estilo já estabelecido, e um terreno já sendo moldado para futuras histórias, vemos o começo definitivo da DC no cinema, com suas filosofias, e seu mundo mais sério e sombrio. É só o começo. Nota: 9/7

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