Nem merd@ e nem psicopata
"Isso é muito Black Mirror, bro..."
Eu sempre achei o papo de "você decidi o que acontece", muito presente quando se trata de jogos interativos, uma certa propaganda enganosa.
Em "Heavy Rain", um dos expoentes desse gênero, você possui o controle de diversos personagens e dada certas decisões, ou velocidade na qual você aperta botões, pode-se interferir no rumo da história, que liga todos eles de alguma forma.
Falei muito bonito, mas nada é o que parece.
Logo no início você assume o controle de um pai de família, tão irresponsável que perde o filho duas vezes, porém, uma de suas primeiras interações é decidir se ele vai ao banheiro ou não, se for, depois, precisa escolher se irá lavar as mãos ou não - em ambas você controla o analógico. Escolhas importantes, bem importantes, que, aos poucos, vão perdendo a graça ao perceber que o roteiro te empurra certas decisões até você chegar ao final com uma falsa sensação de completo poder de decisão.
Outro jogo na mesma temática, o ótimo "Life is Strange", é mais sincero. Você escolhe o destino de certos personagens e, em certos pontos da narrativa, precisa tomar uma ou outra decisão que leva tudo a outro rumo. Expliquei de forma confusa, dá pra entender? Espero que sim.
Enfim, quando vi que tinha estreado, na Netflix, o "filme" interativo de "Black Mirror", "Bandersnatch", achei interessante, mas não quis ver.
Não porque eu não gosto. Eu adoro "Black Mirror". Mas eu acho que se eu resolvo ver um filme, ou série, ou quero assistir, não ter um trabalho a mais de decidir o que acontece. Não estou nem sendo pago pra fazer o trabalho do roteirista, bem preguiçoso por sinal, já que nem se deu o trabalho de terminar o que começou...
...Bom, esqueci...Ah sim, o filme. Resolvi vê-lo pra "ver no que dava", literalmente, no caso.
Comecei de forma promissora. Decidi que Stefan, o protagonista - interpretado por Fionn Withehead -, comeria Sucrilhos no café da manhã. Depois, fiz com que ele escutasse uma banda jovem - um "The Neighbourhood" dos anos 80 - a caminho de uma reunião. Decisões que, no futuro, podem desencadear outras cenas, apesar delas parecerem bem bobas.
E são, em certo ponto. Mas, continuei.
Mais em frente, o protagonista vai à uma terapeuta, mas a profissional fazia caras e bocas que demonstravam mais confusão do que o próprio paciente. Talvez minha única boa escolha foi quando tive que faze-lo fugir da entrada da clínica.
Não vou contar spoilers, mas, só sei que, em um dado ponto, já não entendia mais nada e, quando me dei conta, o personagem estava preso e o jogo que ele estava fazendo, o motor de toda trama, foi decepcionante e ganhou metade da nota total. 2,5 de 5,0. Fiquei triste. Como eu, que sou eu, poderia decidir a vida de outra pessoa?
Decidir o que acontece, talvez, não signifique tomar as melhores decisões. As grandiosidades esperam.
Por: Victor Braz
Em "Heavy Rain", um dos expoentes desse gênero, você possui o controle de diversos personagens e dada certas decisões, ou velocidade na qual você aperta botões, pode-se interferir no rumo da história, que liga todos eles de alguma forma.
Falei muito bonito, mas nada é o que parece.
Logo no início você assume o controle de um pai de família, tão irresponsável que perde o filho duas vezes, porém, uma de suas primeiras interações é decidir se ele vai ao banheiro ou não, se for, depois, precisa escolher se irá lavar as mãos ou não - em ambas você controla o analógico. Escolhas importantes, bem importantes, que, aos poucos, vão perdendo a graça ao perceber que o roteiro te empurra certas decisões até você chegar ao final com uma falsa sensação de completo poder de decisão.
Outro jogo na mesma temática, o ótimo "Life is Strange", é mais sincero. Você escolhe o destino de certos personagens e, em certos pontos da narrativa, precisa tomar uma ou outra decisão que leva tudo a outro rumo. Expliquei de forma confusa, dá pra entender? Espero que sim.
Enfim, quando vi que tinha estreado, na Netflix, o "filme" interativo de "Black Mirror", "Bandersnatch", achei interessante, mas não quis ver.
Não porque eu não gosto. Eu adoro "Black Mirror". Mas eu acho que se eu resolvo ver um filme, ou série, ou quero assistir, não ter um trabalho a mais de decidir o que acontece. Não estou nem sendo pago pra fazer o trabalho do roteirista, bem preguiçoso por sinal, já que nem se deu o trabalho de terminar o que começou...
...Bom, esqueci...Ah sim, o filme. Resolvi vê-lo pra "ver no que dava", literalmente, no caso.
Comecei de forma promissora. Decidi que Stefan, o protagonista - interpretado por Fionn Withehead -, comeria Sucrilhos no café da manhã. Depois, fiz com que ele escutasse uma banda jovem - um "The Neighbourhood" dos anos 80 - a caminho de uma reunião. Decisões que, no futuro, podem desencadear outras cenas, apesar delas parecerem bem bobas.
E são, em certo ponto. Mas, continuei.
Mais em frente, o protagonista vai à uma terapeuta, mas a profissional fazia caras e bocas que demonstravam mais confusão do que o próprio paciente. Talvez minha única boa escolha foi quando tive que faze-lo fugir da entrada da clínica.
Não vou contar spoilers, mas, só sei que, em um dado ponto, já não entendia mais nada e, quando me dei conta, o personagem estava preso e o jogo que ele estava fazendo, o motor de toda trama, foi decepcionante e ganhou metade da nota total. 2,5 de 5,0. Fiquei triste. Como eu, que sou eu, poderia decidir a vida de outra pessoa?
Decidir o que acontece, talvez, não signifique tomar as melhores decisões. As grandiosidades esperam.
Por: Victor Braz
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