Critica: Creed: Nascido Para Lutar

Adonis Johnson é o Rocky que essa geração merece.
Antes do titulo de "Garanhão Italiano", Rocky foi antes uma espécie de professor. Sempre com frases motivacionais e até emocionantes. Mas também era lutador, não nos ringues porém, mas na vida. "Não importa o quanto você bate, mas o quanto aguenta apanhar e continuar. O quanto pode suportar e seguir em frente. É assim que se ganha". Tal falácia é dita pelo personagem em sua sexta passagem pelas telonas em 2006, e sua última até então. Entre noticias de um novo longa, Creed: Nascido Para Lutar (Creed, 2015), um meio termo entre continuação e reboot chega para, além de mostrar seu protagonista, refazendo um pouco da trajetória do primeiro filme, Rocky: Um Lutador, mas, também de dar a vez a nova geração. Adonis Johnson (Michael B. Jordan) é um garoto que vive de orfanato á orfanato, arranjando briga e problemas. Tudo acaba quando vai viver com Mary Anne (Phylicia Rashad), que viveu muito com seu pai, o finado Apollo Creed, um dos melhores lutadores de boxe. Seguindo o legado do pai, entre a casa e seu trabalho numa firma bem sucedida, Adonis participa de lutas no México, onde ganha um pouco de dinheiro e experiência. Cansado de ficar trabalhando em algo que não gosta, sai de sua mansão em L.A e vai viver numa pequena residência na Filadélfia, com esperança de que consiga fazer o aposentado Rocky Balboa (Sylvester Stallone) a treina-lo. Para assim ser um lutador a altura do pai. 

Em todo seu treinamento, a trajetória de Adonis é bem parecida com a de Rocky. A cena onde precisa pegar uma galinha, referência direta ao filme de 1976, é impagável, todavia, tirando a sequência onde os dois sobem juntos a famosa escadaria, uma das melhores da película, Creed tem suas partes memoráveis. A clássica corrida onde vemos o lutador encapuzado, junto a uma câmera lenta enquanto todos no local o acompanham, junto do embalo da música é um dos pontos altos. Todavia, é mais um mérito do diretor Ryan Coogler - que refaz sua parceria com o ator Michael B. Jordan depois de Fruitvale Station: A Última Parada -, que filma as cenas de boxe com longos e bem trabalhados planos-sequência, sem os excessivos cortes já comuns nessas produções, além de uma câmera ampla que acompanha as lutas. Ou seja, se o personagem cai, a câmera vai junto. E o slow-motion é usado com economia, sem exagero, dando uma maior sensação de impacto nas pancadas. 

Mas o serviço que faz ao personagem clássico de Stallone é o que marca. Com roteiro de Aaron Covington e de Coogler com participação do próprio Stallone, a história segue entre a evolução do treinamento de Adonis e sua nova vida na Filadélfia, mas também da vida de Balboa e seus dramas: a velhice e a solidão na qual foi condenado. Mas há o humor entre o "novo e o velho", o embate de gerações - Rocky não sabe o que é a Nuvem -, e isso se reflete nos ringues - a rapidez na qual é vazada a informação do passado de Johnson, dele ser um descendente de Apollo -, as entradas antes de toda a luta, cheia de luzes, música e fumaça. E claro, há os clichês comuns ao gênero. Briga entre o mentor e pupilo, a relação amorosa, e a oportunidade que bate a porta (nesse caso, literalmente) e que refaz o protagonista pensar se vale o risco. Mas como bom todo filme de boxe, a luta final é o momento mais esperado. Aqui coordenada com excelência pelo diretor, sempre criando as incertezas (vai ganhar ou não?), todavia, com edição precisa e uma câmera ágil. 

Ao final, uma película que sabe ser original e uma homenagem ao mesmo tempo. Nos traz um personagem consagrado, já conhecido no cinema, em muitos longas, porém, é a hora que vê o novo. Que momento para o "Garanhão Italiano", de bom humor, passando o bastão, e vendo que chegou a vez da nova geração. Nota: 8/8

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Guerra Civil, de Alex Garland - Uma Análise

Critica: Batman: O Cavaleiro Das Trevas - Parte 1 e 2

Era tudo o que mais queria