Critica: The Ridiculous 6
Adam Sandler canastra e sua trupe chegam no velho-oeste com escatologias e piadas datadas.
Convenhamos, além da linha 1 do metrô, uma das coisas que o mundo (o MUNDO!) precisa é que Adam Sandler troque de agente. É exagero? Um pouco. Mas quem vai ao cinema não precisa ficar vendo um longa-metragem cujo o roteiro se baseia em piadas sem graça e cenas de conteúdo sexual envolvendo algum animal, que há em diversos trabalhos do ator. Tirando Pixels - O Filme, Sandler não participa de um projeto engraçado há tempos. Talvez até um Como se Fosse a Primeira Vez não se encaixe em tais parâmetros, porque fazia parte de uma época na qual o ator se esforçava, e que tinha um bom roteiro nas mãos. E apesar de falarem que "Click é muito bom" - e perto de atrocidades como Cada um Tem a Alma Gêmea que Merece, Click é O Poderoso Chefão de sua filmografia -, não é pra ficar em nem um pedestal. Depois de tentar um papel dramático em Homens, Mulheres e Filhos (2014), é na comédia onde o tal faz dinheiro. The Ridiculous 6 (2015), o segundo filme produzido pela Netflix (que tem contrato para mais películas com o ator) após o imersivo Beasts of no Nation, mostra que nem a empresa que nos mostrou que Joel Schumacher ainda tem potencial como diretor (em House of Cards) consegue o controlar.
O diretor Frank Coraci, que ganhou a vida produzindo longas com Sandler, faz em sua sátira de faroestes, uma sucessão de clichês e piadas e escatologias datadas. Mas até diverte nos momentos espontâneos. Com o roteiro do próprio ator, a história começa quando Tommy "Faca Branca" (Sandler) é surpreendido pela visita de alguém que na verdade nunca conheceu direito, seu pai, Frank Stockburn (Nick Nolte), que precista da quantia de 50 mil doláres, já que esta devendo tal quantia para um perigoso grupo de vaqueiros. Então seu filho vai atrás da grana, roubando bancos e outros locais, o problema é que não sabia que tinha outros 5 irmãos de diferentes mães (Taylor Lautner, Rob Schneider, Luke Wilsom, Jorge Garcia e Terry Crews), que o ajudam ao longo do caminho. Nem preciso dizer que a trama simplória não funciona. Mas os atores principais até se esforçam. Incorporando o Daniel Craig da comédia, o personagem de Sandler só vale pelos poderes com efeitos bem feitos. Com intensivam no curso de canastrice, com caras e bocas dignas de novela mexicana de segunda linha, sua atuação de inicio até tem algumas partes engraçadas, mas (se lembra que o roteiro é dele?) quando chega perto do final e tenta ter alguns dilemas morais, algum tipo de filosofia que justifique o final que nem Stephen Hawking com 2 litros de Red Bull iria resolver, tudo cai por terra.
Mas esta lembrado que disse que os atores até se esforçam? O quinteto atua bem dentro da medida. Rob Schneider, Taylor Lautner e Jorge Garcia parecem ter adotado o método. Incorporam o personagem. E funciona. Principalmente Lautner (esqueça Crepúsculo), que faz um personagem com retardo e Garcia que faz quase um neandertal, se comunica por linguagem de sinais e mimica, com uma cena impagável.
Apesar de já ter sido lançado a alguns dias, li muitos dizendo que The Ridiculous 6 é um filme preconceituoso, que insulta o espectador, mas acho que é um filme antiquado. E datado. Em comparação com o sempre citado Segurando as Pontas (2008), que usa de piadas escatológicas (não infantis, como muitos falam) de maneira engraçadíssima. Mas há um exemplo perfeito, quando Tommy acha o primeiro irmão, antes de assaltar o primeiro banco, um diálogo com potencial, sem usar piadas apelativas, e termina com um burro cagando na parede. Entenderam, um filme usa de piadas assim com um motivo, aqui é gratuito.
The Ridiculous 6 é o tipo de filme que entraria num Framboesa de Ouro (prêmio que satiriza o Oscar, premiando os piores), mas não merece nem esse reconhecimento, é o tipo de longa igual, que só muda o cenário e os personagens, as mesmas piadas, escatologias, e os mesmos problemas, e é só ruim mesmo. E é irônico ver que seus próximos projetos não geraram bilheteria e que não estaremos dando dinheiro a ele, pelo menos não diretamente. Financiados pelos caras que o deixaram famoso, os executivos. Parece que os que o levaram ao estrelato finalmente estão pagando o preço. Nota: 2/4
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