Critica: As Memórias de Marnie
Hiromasa Yonebayashi faz o filme mais pé no chão do Studio Ghibli.
Um dos estúdios mais conhecidos no mundo, o Studio Ghibli sempre produziu filmes com grandes toques de fantasia, principalmente os de Hayao Miyazaki, um dos maiores diretores do japão dos últimos anos e de Isao Takahata, responsável por O Túmulo dos Vaga-lumes e o recente O Conto da Princesa Kaguya, porém, As Memórias de Marnie (Omoide no Marnie, 2014), o longa mais pé no chão do estúdio, se assemelha mais a um Vidas ao Vento (2013) do que a Meu Vizinho Totoro (1988). Anna é uma garota que vive com uma família adotiva, após os pais terem morrido muito cedo e também parentes mais próximos. Solitária e quieta, com poucos amigos, após um incidente na escola, seu médico a diz para tomar um pouco de ar fresco, e vai para a casa de conhecidos. A procura do que fazer, acaba conhecendo Marnie, a garota de cabelos louros, contudo, Marnie não é exatamente aquilo que parece.
Também brincando com o imaginário, algo que Miyazaki já fazia em trabalhos como o excelente A Viagem de Chihiro, o diretor e roteirista Hiromasa Yonebayashi faz aqui um jogo entre realidade e fantasia muito funcional, sempre usando uma estética de sonho para colocar o espectador em dúvida. Todavia, o que pode parecer semelhante a um Ponyo - Uma Amizade Que Veio do Mar, As Memórias de Marnie nunca mostra a carta na manga. E isso Yonebayashi, faz muito bem, dá pistas e aos poucos mostra a verdade, incorporada num plot-twist de tirar o folego. E igual aos outros projetos do Ghibli, aqui vemos também a sensibilidade sempre presentes em seus filmes. A amizade entre Anna e Marnie é verdadeira e nunca fica forçada, e é por ela que descobrimos mais sobre Marnie, e também sobre Anna. Ou seja, é a amizade entre as duas que faz a trama andar, sempre com diálogos bem feitos, e há também o amadurecimento muito presente nos longas do estúdio, aqui, muito eficiente.
E falando em eficiente, a animação também continua incrível. Nas partes de sonho, fica tudo em neblina e escuro e quando fica "normal", as cores ressaltam da tela, o sol, o mar, a grama, tudo. E o roteiro faz muito bem o misto de um pouco de comédia com drama, nunca ficando desnecessário. É engraçando quando deve, é dramático quando precisa. Mas não é o melhor longa do estúdio, a duração peca um pouco e a edição as vezes atrapalha o entendimento da história, de resto, é mais um filme do Ghibli, entre muitos outros bons, pelo menos. Nota: 8/1
Comentários
Postar um comentário