Critica: O Regresso
Diretor de Birdman, Alejandro Gonzales Iñarritu faz seu melhor trabalho em filme de sobrevivência.
Responsável por 21 Gramas e Babel, o mexicano Alejandro Gonzales Iñarritu, vencedor do Oscar (e indicado também esse ano) por Birdman (Ou a Inesperada Virtude da Ignorância), faz em seu novo longa, O Regresso (The Revenant, 2015) seu melhor trabalho. Filmado em locação, colocando os atores e a equipe de filmagem a baixas temperaturas, o enredo acompanha Hugh Glass (Leonardo DiCaprio), um explorador que esta junto a sua equipe em 1822 no desconhecido Oeste Americano em busca de ganhar dinheiro com caça. Entre conflitos com uma tribo local, ele e os parceiros se deslocam de um lugar a outro, até que em um dos acampamentos improvisados que eles montaram, Glass resolve dar uma olhada no local, quando é atacado por urso. Gravemente ferido, ainda é abandonado por um de seus companheiros, que leva seu rifle, só deixando-o com água e roupas para se proteger do frio. Á própria sorte, ele consegue sobreviver, enquanto se fortalece para uma árdua jornada de vingança. Sem pressa, a trama demora para finalmente colocar nosso protagonista em perigo, mas a direção do mexicano faz com que isso não se torne entediante.
Com um plano sequência invejável que cruza um rio até chegar em um dos acampamentos dos caçadores, onde acontece o primeiro conflito, a câmera passeia entre a batalha enquanto mostra o cenário em que estamos inseridos. E seus personagens. Todavia, ao contrário de Birdman, feito todo em plano-sequência com cortes-fusão, O Regresso propõe um épico, não o lúdico na película que faz do teatro um cosmo aos atores e atrizes ali inseridos. Mas antes de um épico, com cenas de batalha e lutas excelentes, sem cortes em sua maioria, vemos aqui um filme de sobrevivência e drama.
Como já visto em outros trabalhos, Iñarritu produz com primor um primor técnico. Desde a fotografia a trilha sonora. Aqui não é diferente. Com planos abertos e com poucos cortes e o uso de poucas cores fortes marcam o cenário da floresta lotada de neve, onde a única coisa que se destaca é o sangue.
Feito pelo próprio diretor e Mark L. Smith, baseado no livro de Michael Punke, que retrata a história verídica do explorador protagonista, o roteiro, apesar de não ter muitas falas, conduz a história muito bem, contudo, é só depois de 30 minutos de projeção que a trama engrena. Mas nada que comprometa, já que a direção, muito competente, é a cereja no bolo, junto as atuações. E que atuações. Tom Hardy (Mad Max: Estrada da Fúria) e Domhall Gleeson (Star Wars - O Despertar da Força) estão muito bem, apesar do primeiro ter mais participação, Gleeson é competente no papel, enquanto Hardy, que criou um sotaque para o personagem, faz bem o tipo egoísta e estressado. Mas quem se destaca é o indicado ao Oscar Leonardo DiCaprio, além de perda de peso, o ator também teve que mudar o psicológico para fazer o explorador Hugh Glass, e apesar da ajuda da excelente maquiagem, que cria feridas e cicatrizes extremamente realistas, o trabalho do ator nas cenas onde precisa se arrastas no chão, ou quando reage as dores, ou as que não diz uma palavra e ainda assim transmite os sentimentos do personagem são incríveis.
Claro que ao longo dos mais de 150 minutos de tela há pequenos deslizes e algumas cenas que poderiam ter ficado menores, mas nada que deixe o novo filme de Alejandro Gonzales Iñarritu pior. Seu trabalho como cineasta é muito visto aqui. As sequências sem corte onde diversos atores e extras estão em cena conversando e interagindo, dentro do set natural, com diversas estruturas construídas. A vingança no épico do mexicano vale o ingresso. Nota: 10
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