Critica: Deadpool

Ryan Reynolds se redime em filme que faz jus ao Mercenário Tagarela. 
A história de Deadpool sempre foi triste. Além de ter sido criado por Bob Liefeld, que detém o infame titulo de "pior desenhista do mundo", e sido considerado uma cópia descarada do Exterminador da DC Comics, o personagem também foi um dos principais personagens de X-Men Origens: Wolverine, que é considerado, até pelo próprio ator Ryan Reynolds - que protagonizou outro filme baseado em HQ, o também odiado Lanterna Verde -, uma piada. Querendo se redimir com o público, Reynolds assume o papel do protagonista pela segunda vez no longa que faz jus ao Mercenário Tagarela, e também o mais fiel ao material fonte. De início o diretor Tim Miller já mostra a que veio, com créditos iniciais que zoam parte do elenco. E a partir disso, uma sucessão de referências e piadas com a cultura em geral. 

Mas vamos falar do enredo. Com algumas histórias de origem já contada nos quadrinhos, Wade Wilson (Reynolds) vive "ajudando" as pessoas, batendo num valentão de escola, num stalker, no chefe chato de alguém, em troca de dinheiro, óbvio. Pouco tempo depois de conhecer a mulher de sua vida (Morena Baccarin), descobre estar com um câncer terminal e que não tem muito tempo, nem dinheiro. Eis que a solução chega personificada num engravatado, que faz uma proposta que curaria seu câncer, e também lhe daria habilidades que muitos sonham em ter. Contudo, sua salvação se mostra uma arapuca e Wade acaba tendo sua pele deformada, que por sua vez, fica igual ao solo da lua, porém, seu corpo tem um fator de cura altíssimo. Afim de se vingar, agora na alcunha de Deadpool, começa a matar todos até chegar no alvo que lhe causou tanto sofrimento. Apesar da história um tanto comum, que o próprio filme sacaneia - "Aquele cara que parece um ceifador da morte está te procurando e deixou um cartão. Vai falar com ele, pode alongar a trama", diz o personagem vivido por T.J Miller -, com um vilão britânico, uma mina pra salvar, mas, entende a trama e a faz a mais divertida possível. 

Com o drama de ter quase sofrido um corte pelos excessos de violência, cenas de sexo e o palavriado, Deadpool chega com a merecida classificação de 16 anos contra a R nos EUA (que equivale a 18 no Brasil), mas esse excesso não é nem parecido com o que estavam falando. Sim, há sangue, mas nada que fizesse a película ter sido proibida na Inglaterra. Enquanto 300 de Zack Snyder tinha cenas de decapitação, parede de escudo, aqui há tiro, e com algumas partes de decepamento, mas nada muito alarmante. E são características do personagem e de suas histórias, como machismo e humor negro. E falando em humor, o cerne do Mercenário, foram mantidos, tanto que faz parte de quase 100% do roteiro, e há poucas sequências onde fica enjoativo.

Um anti-herói de excessos
Quebras de quarta parede, referências, piadas, cenas de ação, metalinguagem...Tudo que possa se imaginar esta presente em peso. Outrora, o que cineastas como Martin Scorsese, Adam McKay, Alejandro Gonzales Iñarritu (...), fizeram em obras como O Lobo de Wall Street, A Grande Aposta (critica em breve) e Birdman, respectivamente, onde usavam da quebra da quarta parede e metalinguagem para dar mais substância a história, ou eleva-la, Tim Miller leva esses artifícios a comédia, onde o protagonista conversa e interage com o público, mesmo sabendo que esta falando sozinho - com uma cena com o Colossus que é o exemplo perfeito -. E não só isso, sabe que esta num filme, como sabia estar num quadrinho, o que gera cenas impagáveis como num dos encontros com o Colossus onde vai na Mansão X e brinca com o  fato de só ter 2 mutantes numa casa tão grande e diz que "parece que o estúdio não tem dinheiro para pagar mais personagens". E vai mais longe controlando o filme em si, rebobinando e avançando. 

E a atuação excelente Ryan Reynolds acompanha muito bem a personalidade Wade Wilson. Zombando de si mesmo e de sua carreira, o ator faz seu melhor aqui, com monólogos bizarros, diálogos surreais, o ator se redime, enfim. Morena Baccarin e T.J Miller (da série Sillicon Valley) estão muito bem, ambos bastante engraçados, mas deixam maior espaço para Reynolds. Em filme que representa a antítese do que se entende como o Universo Cinematográfico Marvel - contendo a participação hilária de Stan Lee -, com boas doses de violência, palavrão entre outras coisas, um dos projetos mais fiéis as HQ'S, e um dos mais ousados, pelo menos até a continuação. Nota: 10

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