Critica: A Pele que Hábito

Nota: 4/1
Frankestein moderno de Pedro Almodóvar já surgiu velho.
Quando decidiu adaptar o livro Tarantula, do escritor francês Thierry Jonquet para o cinema, o cineasta Pedro Almodóvar disse que iria fazer um longa de terror sem gritos e sustos, A Pele que Hábito (La Piel Que Habito, 2011) se limita a esse fato, um falso filme de terror que cai pro romance e drama muito rapidamente. Desde o início já ficamos sabendo que o cirurgião plástico Robert Ledgard (Antonio Banderas) perdeu sua mulher e que o mesmo passa seus dias trabalhando numa pele perfeita que não sofre nenhum tipo de dano - desde queimaduras a picadas de mosquito - misturando DNA humano e um suíno. Embora negue, Ledgard esta tentando re-criar sua falecida esposa por meio da ciência, esse fato é mais que evidente, mas a evidência é só mais um enigma num filme de respostas simples. Á medida em que os enigmas vão sendo respondidos, Almodóvar vai se perdendo dentro de sua história e a obviedade toma conta. Porém, o diretor manipula os elementos típicos de terror - trazendo o cientista louco, a cobaia - e tenta criar seu próprio Frankestein, tentando fazer as pazes com o cinema de gênero. 

Como em outros filmes do diretor, A Pele que Habito é sufocado pelo autorismo, todo objeto tem seu simbolismo, como uma lâmina por exemplo. Em A Pele que Habito a lâmina é só um instrumento, seu contexto enquanto objeto de terror só vem depois. Como já havia dito antes, Almodóvar cria uma ficção com respostas simples, porém, com enigmas a serem descifrados, para encontrar um final nada satisfatório, o Frankenstein de Pedro Almodóvar já surgiu velho, a realidade sempre se esconde do que nos foi sugerido. 

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