Critica - Séries de TV: Marvel - Demolidor (Temporada 1)

Herói volta com dignidade as telas, agora, em busca de redenção. 
Era mais ou menos 8 horas da noite e faltava pouco para acabar um dos últimos episódios de Marvel - Demolidor (Marvel's Daredevil), depois disso eu iria assistir á Killer Joe, a peça, porém, a tensão na série criada por Drew Goddard e baseada na criação de Stan Lee e Bill Everett não permitiu a tal intromissão, após tantos episódios seguidos, tive de continuar.  Essa história de inicio mostra como a série da Netflix é feita com esmero, melhor que o filme de 2003 do diretor Mark Steven Johnson. Outro detalhe é o personagem do Homem sem Medo, o mito do herói mascarado é colocado aqui á prova. Com tantas habilidades e sentidos apurados, Matt Murdock não é um herói convencional. Frank Miller entendeu isso muito bem, colocando o defensor de Hell's Kitchen com um personagem tipicamente urbano. Ou seja, o personagem se tornou quase um Jason Bourne nas mãos do quadrinista, e na série, é justamente esse Matt Murdock que conhecemos. O realismo anda lado a lado. E igual ao Batman de Christopher Nolan, o Demolidor é aqui simbolo. E sua marca na sociedade americana é quase tão grande quanto a volta do Homem de Aço em Superman - O Retorno, seu mito sobrevive. 

Desde seu uniforme preto - que aqui no brasil conhecemos pelo telefilme do Hulk (aquele do Lou Ferrigno), que colocou o nome mascarado de Murdock com sendo O Audacioso - a Netflix e a Marvel Studios procuram ao máximo o toque de "mundo real", em Demolidor vemos a produção do Universo Marvel mais enraizada na realidade. Mas mais importante que isso, o tom policial dão ao seriado mais substância - além da história principal do Homem sem Medo vemos secundarias focadas na mídia e na policia.

O bairro banhado a sangue


O rastro de destruição causado por superequipes é visto a cada instante, quase que indiretamente. Os moradores de Hell's Kitchen viram seu bairro desmoronar perante eventos iguais aos de Os Vingadores. Cabe aos sobreviventes a mudança - e predadores se escondem nas trevas, usufruindo do caos dentre uma Nova Iorque outrora em paz. 

E é nisso que entram Matt Murdock e Foggy Nelson, formando seu escritório de advocacia, com o intuito de ajudar os outros e fazer a sua parte para um lugar melhor, nas vésperas da mudança. 
Com cenas impactantes, violentas e viscerais, ação estilo parkour excelentemente coreografadas, Demolidor é um retrato fiel do personagem da Marvel. A evolução do figurino do combatente na série também marca - iniciando-se com um uniforme funcional e finalizando com uma roupa tática - com uma explicação afetiva por trás do suspense e cheia de simbolismos. Há um demônio por trás, porém, inexiste o colante vermelho. 

Em termos de ação é excelente ver as sequências filmadas em longos takes - incluindo um fantástico plano sequência -, tudo isso em prol da "alma do quadrinho". Charlie Cox, Elden Henson e Deborah Ann Woll estão muito bem como o trio Matt, Foggy e Karen Page. Do outro lado, Vincent D'Onofrio faz um Rei do Crime fascinante, um homem atormentado pelo passado, explosivo - é a caracterização mais extrema do vilão feita até agora.

Ao final, Demolidor é uma boa ideia do que vem a seguir, na vindoura série de Os Defensores. Esqueça o filme com Ben Affleck, ignore aqueles personagens - o mito do herói é aqui visto com sucesso, o colante é mais que um uniforme, é um simbolo violento de uma sociedade, agora, muito menos otimista e inocente.

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