Critica: Star Wars: Episódio VII - O Despertar da Força
J.J. Abrams revigora a força e dá o devido espaço a nova geração em filme que respeita o clássico.
Me lembro de quando vi Guerra nas Estrelas pela primeira. O momento de epifania ao ver a luta entre o Sith Darth Mal e o Mestre Jedi Qui-Gon Jinn no final de Ameaça Fantasma (The Phantom Menace, 1999), o que me fez assistir aos demais da denominada "trilogia nova" e eventualmente os da clássica. Não liguei na época para as diversas mudanças entre uma e outra pelo diretor George Lucas, que agregou artifícios como as famigeradas Medi-Chlorians - que acabou transformando todo o miticismo em volta da Força em simples células -, ou até na odiada criatura criada em CGI Jar Jar Binks. Mas tudo isso foi relevado ao conhecer o que foi o inicio de tudo, até de transformar a "trilogia clássica" nos episódios 4, 5, e 6. Todo o inicio de Uma Nova Esperança (A New Hope, 1977) é genial, ou até em todo O Império Contra-Ataca (Empire Strike's Back, 1980) (pra mim o mais bem resolvido de todos), onde a cena de Luke Skywalker (Mark Hammil) preso na caverna no Sistema Roth ainda fica em minha mente, e por fim em seu encerramento temporário em O Retorno de Jedi (The Return of the Jedi, 1983), com o excelente e bem montado final. E por mais que tenha usado muito de tela verde, muitos cenários eram construídos, e também todos os aliens e os droids, como os marcantes C3-PO (Anthony Daniels) e R2-D2 (Kenny Baker).
Mas não acho que os episódios novos sejam tão ruins, é claro que há muito mais entretenimento a crianças, o próprio Anakin criança mostra isso, mas houve um resgate em A Vingança dos Sith (Revenge of the Sith, 2005), o último da hexalogia e que tem a excelente luta final entre Obi-Wan Kenobi (na clássica Sir Alec Guinnes e na nova Ewan McGregor) e Anakin Skywalker (Hayden Christensen). Depois só o que restou foi a série animada The Clone Wars - que virou filme em 2009 com mesmo nome -, a recente Star Wars Rebels - que mostra o que antecedeu as vindouras Guerras Clônicas (palco dos episódios 1, 2 e 3) - e os livros e HQ'S do universo expandido. Com algumas boas histórias, como Kenobi, de John Jackson Miller que mostra o que Obi-Wan presenciou depois do episódio 3 quando viveu em Tatooine observando o crescimento de Luke com o casal Lars. Entretanto, com a compra da Lucasfilm pela Disney em 2012, Guerra nas Estrelas iria ganhar em breve seu 7 capitulo. Sem o criador e com a direção de J.J Abrams (Star Trek), estreia hoje (17) o tão aguardado Star Wars: Episódio VII: O Despertar da Força (The Force Awakens, 2015), que volta com os personagens originais (e com os atores) numa história que se passa algumas décadas após o capitulo 6 da saga.
Nele, depois de vencer Darth Vader e seu mestre, Lorde Sith, Luke Skywalker some, após ter tentado treinar novos Caveleiros Jedi e um de seus alunos ter se rebelado. Tentando achar o que era um templo Jedi, não da mais indícios de vida e deixando todos preocupados, principalmente a Princesa Leia (Carrie Fisher) e Han Solo (Harrison Ford), além de seu droid R2-D2 que se desativou após seu sumiço. Em desespero, Leia convoca o melhor piloto de X-Wing's, Poe (Oscar Isaac), que vai até o Sistema Jakku para falar com o responsável de uma aldeia local (Max Von Sydow), que possui parte do mapa que contém a localização do Jedi. Depois de Kylo Ren (Adam Driver) e seu exército de Stormtroopers invadirem o local e capturarem o piloto, o droid B-B8, que detém o mapa acaba sendo encontrado por Rey (Daisy Ridley), uma catadora de lixo local. Poe, agora detido, acaba sendo salvo por Finn (John Boyega), um trooper comandado pela Captain Phasma (Gwendoline Christie, de Game of Thrones), que não apoia as leis da Primeira Ordem - comandada pelo General Hux (Domhall Gleeson) - e nenhuma de sua operações para a dominação total da galáxia. Entre os acontecimentos, Finn e Rey se encontram e se ajudam, e acabam se juntando a luta para saber o que aconteceu com Luke junto a Han Solo e Chewbacca (Peter Mayhew) á bordo da Millenium Falcon.
O que outrora parecia confuso, a trama de O Despertar da Força é deveras interessante e, com a direção de Abrams, traz até mais substância, e é uma película que respeita os clássicos, mais da o espaço para a nova geração. Um dos maiores exemplos, a chegada do novo vilão, Kylo Ren, cujo a atuação de Adam Driver consegue chegar ao mesmo nível do emblemático James Earl Jones como Darth Vader, com picos de raiva, algo que não poderia faltar num adversário mais jovem, combinam muito bem, contendo uma cena incrível perto do final. E os novos protagonistas, Finn e Rey são muito bem vindos. Feitos por John Boyega e Daisy Ridley, os dois personagens mostram que vieram para ficar e vão ganhando mais importância ao longo das 2 horas e 20 de projeção. E as atuações acompanham bem, enquanto Boyega faz as partes com mais humor, fica para Ridley partes mais sérias, com uma luta final que arrancou palmas na sessão que estive. Mas de todos, os atores originais estão muito bem. Apesar de mais velhos, atores como Harrison Ford ainda aguentam o tranco, tendo cenas que remetem aos originais, com mesmo humor de sempre. Mark Hammil faz seu trabalho bem, mas aparece pouco. E Carrie Fisher mostra, logo na primeira cena que aparece, que faz a mesma Leia de sempre, ou seja, faz bem seu papel.
Mas um dos melhores é justamente Domhall Gleeson. Com caracterização quando nazista, o ator atinge o máximo dos extremos aqui, grita e impõe respeito, algo que não ocorria na época de Vader. Talvez a mais fraca seja Gwendoline Christie como Captain Phasma. Além de aparecer muito menos que deveria, tem poucos diálogos e não mostra a que veio. Em questão de direção de arte o filme tem primor. Além de trazer cenários montados em locação, há também um ótimo trabalho em maquiagem e na confecção de animatrônicos para muitas criaturas. Não há stop-motion, que tinha no jogo de xadrez holográfico no episódio IV e nas AT-TS de O Império Contra-Ataca, mas nada que tire os méritos. Houve também certas mudanças muito bem vindas em capacetes. O design nos capacetes dos Stormtroopers e dos pilotos de X-Wing são modernos mas com um estilo retrô que lembram o clássico. Mas o que mais remete aos episódios passados é "a nova Estrela da Morte", a StarKiller, que basicamente tem o mesmo design da nave-base de Vader e seus soldados. Os sabres-de-luz estão idênticos com claras melhorias, o som é o mesmo, e até com uma homenagem numa das cenas. Não só em light-saber's, porém, e sim, nas armas, naves, é tudo revigorado, e são boas mudanças.
É claro, tem seus problemas, há diversos clichês por exemplo, mas nada que o piore. Se comparado aos episódios novos, é de longe mais divertido e respeitoso ao legado de seus antecessores, e se comparado aos antigos, é uma boa continuação para uma nova geração, que, apesar de as vezes nunca ter visto os capítulos 4, 5, e 6, lotam os cinemas por saberem do que se trata e o que significa. E todos saem ganhando, principalmente os fãs, e eu me incluo nisso. É só o início de uma nova era para Guerra nas Estrelas, que se provou aqui bem competente, mas ainda há muito mais, como o vindouro Rogue One, que esta previsto para 2017, ou até os rumores de derivados. A criação de George Lucas esta em boas mãos enfim. Nota: 10
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