Critica: Straight Outta Compton - A História do N.W.A

F. Gary Gray se confunde entre retrato de época e cinebiografia em longa que conta o trajeto da N.W.A.
Surgida do bairro estadunidense de Compton, na Califórnia, a N.W.A (Niggaz Wit Attitudes) foi um dos grupos que mas deixou marcas na sociedade entre o final da década de 1980 e começo dos anos 90. Formada pelo quinteto Eazy-E, Ice Cube, Dr. Dre, DJ Yella e MC Ren - interpretados por Jason Mitchell, O'Shea Jackson Jr., Corey Hawkins, Neil Brown Jr. e Alcis Hodge, respectivamente -, o grupo fazia músicas que faziam certas apologias ao crime, drogas entre outras coisas, além de serem contra a polícia. E é isso em que o diretor F. Gary Gray retrata em Straight Outta Compton - A História do N.W.A (Straight Outta Compton, 2015), onde esses dois lados - o cultural e o mais ativista - são colocados á prova. Como toda estrutura de cinebiografias, acompanhamos o nascimento da banda, seus problemas pessoais e o preconceito - na qual todo o negro era submetido. Amigos desde muito tempo, os 5, fãs de música acima de tudo, apesar da ideia de formar uma banda seja de Dr. Dre, enfrentavam o dia-a-dia, com relacionamento conturbado com os pais, vitimas de racismo com a polícia, problemas com drogas, e afins, mas, afinal, a arte salva as pessoas. 

Tirando o discurso de que "rap não é arte", a NWA obteve uma grande quantidade de fãs, onde alguns levavam suas letras a sério demais. E a violência, que o filme procura mostrar, até certo momento é válida, como no momento critico onde Ice Cube e Dr. Dre visitam o bairro natal e veem casas pegando fogo e pessoas brigando contra a policia nas ruas, gritando "fuck the police", que fazia parte de uma das suas músicas e que na época deixou vários tiras com raiva, mas é um dos poucos momentos onde a critica social vale. Porém, por mais que a tentativa do diretor fosse boa, o alinhamento entre ambos os lados não é bom, e o balanceamento também. Ao contrário do ótimo Love & Mercy, cujo o tempo de tela entre as duas timelines da vida de Brian Wilson funcionavam, o retrato de época que F. Gary Gray faz é confusa, e em certos momentos só me lembrava que estava vendo uma cinebiografia musical porque havia cortes que intercalavam um show e outro. Mas um dos artefatos principais, as atuações, a película fez bem. Com atores parecidíssmos com os originais, com crédito a O'Shea Jackson Jr. e Corey Hawkins, que parecem versões de Ice Cube e Dr. Dre jovens, com leves toques de maquiagem. E o resto esta bem, o elenco de apoio, que conta com Paul Giamatti, que também esta ótimo, apesar de gritar várias vezes, e Jason Mitchell, que faz Eazy-E, xinga exacerbadamente, durante as mais de 2 horas e 20 de duração, mas é o que melhor representa sua versão real. 

 Claro, há coisas boas. Os planos em câmera lenta são interessantes, o uso de reportagens reais reforça o fato de ser baseado numa história real, e as partes musicais de inicio são boas, longos planos, poucos cortes, o que dá mai trabalho aos atores, depois da quarta vez já fica repetitivo. Responsável por outras produções, como Uma Saída de Mestre (Italian Job, 2003) e Sexta-Feira em Apuros (Friday, 1995), gêneros bem diferentes, um com ação e outro com comédia, e em Straight Outta Compton usa de ambos. Com diversas cenas de briga, com algumas desnecessárias, a película reforça a crítica social, mas exagera em suas peças de convencimento. Talvez a ambição em trazer tais assuntos á tona, o racismo principalmente, F. Gary Gray se esqueceu de que estava fazendo uma cinebiografia, por mais que tente mudar e fazer algo inédito, o cineasta se confunde entre os dois, biografia e critica social, e parecem combinar, mas não funcionam juntos. 

Com assuntos discutidos no momento, Straight Outta Compton - A História do N.W.A tem ambição em retratar uma época, uma revolução criada por uma banda, a criadora do gangsta rap, mas, talvez funcionasse melhor como documentário do que como longa-metragem. Nota: 5/1

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