Critica: A Colina Escarlate (Festival do Rio 2015)

Terror gótico de época de Guillermo Del Toro esbanja criatividade.
Nunca fui fã de filmes de terror. Não por ser medroso, só não me divirto com o fato de pagar pra tomar sustos, e consumando o fato dos longas desse gênero serem bastante parecidos, com a exceção de um ou outro, porém, usam dos mesmos clichês. E o diretor Guillermo Del Toro (Circulo de Fogo), que teve seu inicio de carreira no cinema com tais películas do gênero, como A Espinha do Diabo (El Espinazo del Diablo, 2001) e Cronos (1994), o cineasta volta á temática de horror em A Colina Escarlate (Crimsom Peak, 2015), que me fez acabar com o preconceito de outrora. Nele, sir Thomas Sharpe (Tom, Hiddleston), que vai as vastas terras americanas para apresentar um maquinário que ele próprio projetou, cujo a funcionalidade é a extração de argila escarlate. Depois de sua ideias não ter feito sucesso, ele conhece uma escritora Edith Cushing (Mia Wasikowska), que se apaixona por ele. Após acontecimentos em sua vida, Edith se muda para a Inglaterra, onde vai morar com Thomas e sua irmã, Lucille Sharpe (Jessica Chastain), na mansão famigerada de Colina Escarlate, onde começa a sentir a presença de espíritos, e a questionar sua sanidade. Muito famoso pelo uso de efeitos práticos, Del Toro faz aqui pouco uso de efeitos especias - o longa foi feito com apenas 70 milhões de dólares -, com o forte uso de maquiagem e a construção de cenários. Mas, diferente de seu Circulo de Fogo (Pacific Rim, 2013) e O Labirinto do Fauno (El Laberinto del Fauno, 2006), sua direção de arte consegue de certa forma passar a sensação de vivência na Mansão Sharpe. Com o chão aos poucos afundando, cobertos de folhas e neve, por conta do teto rachado, a madeira quebrada, que deixa á mostra a argila vermelha, á visão do cineasta das tais casas é fascinante.

Como em entrevistas, o diretor disse que as casas habitadas por sobrenaturalidade são casas enlouquecidas, por eventos passados, e por isso não podem habitar novos moradores. Enquanto os mistérios são desvendados, de dentro e fora da casa, as explicações começam a surgir. Mas o elenco aguenta o tranco. Tom Hiddleston (o Loki de Os Vingadores) faz o papel com excelência, misturando mistério com charme, mostrando ser eclético em suas atuações, o ator tem seu desenvolvimento, mesmo que um pouco previsível. E Wasikowska também manda bem. Desde seu papel em Alice no Pais das Maravilhas de Tim Burtom, apesar de um pouco parecido, de mulher independente e, ao mesmo tempo, curiosa, sua atuação deixa poucos resquícios do tal papel. Mas quem esta melhor é Jessica Chastain. Misteriosa, intimidadora e até simpática, com frieza clássica dos filmes do gênero, a atriz é a mais equilibrada, chegando em certos momentos, até a ser engraçada, mesmo que não querendo. Mas a direção de Del Toro é um dos pontos altos. Com obsessão em suas ideias, o diretor faz excelência. Esbanjado criatividade como poucos e com originalidade, o mesmo faz aqui um amálgama que mistura um pouco de humor, satirizando um pouco dos clichês, com mistério, suspense e horror, com singelas homenagens a O Iluminado de Stanley Kubrick, o que não é demérito algum. 

Referências á parte, A Colina Escarlate é um filme de terror como poucos vistos. Guillermo, obsessivo em seu gótico de horror - construindo a casa inteira, com todos os cômodos decorados - muito diferente de seus últimos trabalhos, igualmente muito legítimos em suas ideias. Com fantasmas á parte, porém, poucos sustos, mas, talvez, essa seja a intenção de Del Toro, acho. E ao final, a resposta derradeira: pelas paredes decadentes da mansão Sharpe, na Colina Escarlate, escorrem a criatividade. Nota: 9/7

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