Critica: The Lobster (Festival do Rio 2015)
Comédia de Yorgos Lanthimos leva distopia futurista ao Festival do Rio.
Desconhecia o trabalho do diretor grego Yorgos Lanthimos, que é famoso em festivais por chocar o público em filmes como Alpes e Dente Canino, porém seu mais recente trabalho, The Lobster (2015), chega com viés mais voltado ao humor. A comédia distópica, que se passa num futuro próximo, mostra uma realidade bem distante da nossa. Nela, solteiros não são permitidos, então, foi criado um local chamado de O Hotel, onde os solitários são levados. Em leis quase ditatoriais, o indivíduo, vamos chamar de "sem esposa" precisa ficar no lugar durante 45 dias, até encontrar sua cara-metade, se não, é transformado em um animal de sua escolha e mandado para uma floresta. Nesse contexto, David (Colin Farrell), que acabara de se separar da esposa, na qual ficou casado durante 12 anos, se apaixona em plena floresta, o que é extremamente proibido.
Todos os atores estão bem. Colin Farrell esta excelente, a transformação do ator para o papel é visível, teve de ganhar barriga para fazer o solitário protagonista, também temos John C. Reilly e Ben Wishaw, que fazem os amigos de David, que também estão ótimos e bem engraçados, e completam o elenco, Rachel Weisz, Léa Seydoux, Olivia Colman e Michael Smiley, que estão também muito bem. Mas a estrela é o diretor, Yorgos Lanthimos. O grego consegue alternar entre gêneros - romance, comédia, drama, até ação - de forma exemplar, além de filmar elegantemente, com várias cenas rodadas em câmera-lenta - como uma na caça, uma das atividades do Hotel, onde todos os "sem esposa" usam armas com dardos tranquilizantes e a cada pessoa atingida, mais um dia no lugar é adicionado -, junto ao uso da trilha sonora só composta por música clássica. E o roteiro é igualmente marcante. Escrito pelo próprio diretor e Efthymis Filippou, os diálogos conseguem alternar entre humor e drama de forma nada transicional, além de, ora mais engraçados, ora filosóficos, e até irônicos, ao brincar (ao meu ver) com as falas bregas dos longas de romance que vemos por ai.
Mas a direção em si já é, digamos, inspirada. Não cai em clichês dos gêneros que explora, sempre focando em sua legitimidade, e também, consegue manipula-los, contendo uma cena que é mais angustiante que muitos filmes de suspense. Infelizmente, Yorgos não é muito conhecido no Brasil, mas, se o filme for lançado aqui, merece ser visto, poucas produções de gênero são tão originais quanto The Lobster. Lanthimos entrou na lista de diretores para se acompanhar. Nota: 10
Comentários
Postar um comentário