Critica: 007 Contra Spectre

Em possível último filme, Daniel Craig e Sam Mendes fazem despedida chapa-branca da era atual de 007.
Em 50 anos a franquia de 007 já assumiu diversas formas. A clássica espionagem sempre esteve presente, porém, junto a isso, ao longo dos lançamentos, já vimos o besteirol - como em Contra o Foguete da Morte (1979), na qual há a clássica cena da luta no bondinho do Rio de Janeiro - e nas últimas "eras" do espião a ação desenfreada tomou conta, isso desde a época de Pierce Brosnan na série. Por mais que tenha tentado voltar ao estilo antigo dos longas com Sean Connery, o diretor Martin Campbell tentava trazer em seu Cassino Royale (2006) o espirito mais saudosista, adaptando uma das obras clássicas de Ian Fleming de mesmo nome. Porém, uma das marcas do começo da "era" de Daniel Craig como James Bond foi a ação, apesar de mais contido, o longa de 2006 foi o que ditou o estilo dos filmes seguintes. Foi assim em Quantum of Solace (2008), de Marc Forster, na qual fez o longa mais curto da série - com o recorde de 106 minutos -, recheado de ação, o vigésimo segundo da franquia foi considerado como um dos mais fracos, o que leva a primeira película de autor dos filmes de 007, em Operação Skyfall (2012) - pra mim o melhor da "era" atual -, Sam Mendes fez o longa mais simbólico da série - o velho contra o novo, analógico contra digital - e com a história mais amarrada. 

Em possível último filme á frente da franquia, Daniel Craig e Sam Mendes fazem em 007 Contra Spectre (SPECTRE, 2015) a despedida com desinteresse. Com o longa mais cheio de referência e homenagens, começando com a abertura de Bond atirando em direção á câmera e com a música de sempre, somos levados a Cidade do México - onde "os mortos ganham vida" - no Dia dos Mortos, num excelente e longo plano-sequência, vemos o espião 00 indo em direção a um hotel, onde começa a montar sua arma para realizar o último desejo de M (Judi Dench): Matar um alvo que esta ligado a uma organização. Depois do cumprimento, M (Ralph Fiennes) dispensa temporariamente Bond. Após tomar uma injeção que coloca um localizador em seu corpo, 007 precisa concluir a missão, indo ao enterro do homem que M mandou matar. Nisso, acaba descobrindo que o indivíduo que matou era membro da SPECTRE, uma organização secreta, que já havia aparecido em outros longas da série. Cheio de homenagens, Mendes faz aqui sua explosiva despedida, e não podia deixar a séries sem fechar o ciclo, já que vemos aqui o fechamento do arco de Craig, ou seja, tudo esta interligado.

E é claro, com isso, o roteiro de John Logan, Neal Purvis e Robert Wade tinha de fazer a ligação para dar sentido a tal encerramento, e a forma que encontraram para faze-lo é uma das mais simples, segura e sem qualquer inventividade. Vemos aqui o mais do mesmo, agora com muito mais ação que outrora. A sensação de reinvenção que Mendes tomou para sí, quando foi chamado para pilotar a "barca" de 50 anos que é a criação de Fleming, com medo do espião ser deixado para trás por outro com as mesmas inicias, Jason Bourne, acabou fazendo-o se tornar mais um herói de ação. E a escolha de Daniel Craig para o papel, que já havia feito filmes como Tomb Raider, é a de mudar o personagem - sai o espião de terno e gravata que carregava sua clássica pistola silenciada e entra uma espécie Ethan Hunt (o protagonista de Missão Impossível) armado com uma metralhadora -, que agora abandona as características deixadas por Sean Connery e adota o estilo "007 canastra". 

Porém, apesar da interpretação ser diminuída a um pouco de drama (claro, sempre fazendo bico), Sam Mendes, que já havia extraído em seu Skyfall a ótima interpretação de Javier Bardem, faz aqui com Christoph Waltz o mesmo, que, por sua vez, faz a melhor atuação no filme, claro, dentro do possível. E por mais que tenha uma ótima escolha de casting, o roteiro não permite os atores fazerem seu trabalho. Temos Monica Belluci (que aparece durante no máximo 5 minutos), Naomi Harris, Ben Wishaw, Dave Bautista (o Drax de Guardiões da galáxia) e Léa Seydoux, que esta no filme para ser a nova "Bond Girl" e ser salva inúmeras vezes.
Mas há partes boas. Como uma cena na qual Bond pula de um pequeno prédio e cai em cima de um sofá. Ou as homenagens e simbolismos na qual Mendes usa muito bem. Talvez essa era atual do espião seja marcada pela tentativa de reinventar o personagem. Dar cara nova a uma criação de mais de cinco décadas. E esse foi o desafio na qual o diretor e os roteiristas foram colocados. E depois de declarações polêmicas por parte de Craig, em possível último filme, o ator e Sam Mendes fazem em 007 Contra Spectre a despedia chapa branca da era atual do personagem. Nota: 4/6

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