Critica: Resident Evil 5 - Retribuição

Alice ganha vida extra e Paul W.S Anderson continua a quebrar as barreiras entre videogames e cinema, da pior forma possível.
Paul W.S Anderson tem um crédito com o público gamer. Após dirigir Mortal Kombat em 1995, considerado, em toda a leva de adaptações da décima para a sétima arte, o menos pior, o diretor fez dos videogames seu nicho. Foi assim em seus principais longas, todos com a estética de vídeo-clipe e cheios de ação. E, entre seus filmes da série Resident Evil, que sofreu muito com a mudança de survival-horror para somente ação nos games, fez em seu Corrida Mortal, sua primeira película que trazia diversas características de games. O minimapa, o HUD (onde ficam as informações de quantidade de munição, barra de vida, energia, gasolina...), as boss-fight's...Tentava trazer um pouco de uma mídia para a outra. Em Resident Evil 5: Retribuição (Resident Evil 5: Retribution, 2012), o diretor quebra as barreiras restantes entre cinema e games. Da pior forma possível. Se em Sucker Punch - Mundo Surreal, Zack Snyder já trazia essa estética de videoclipe e ação retirada de um Metal Gear Rising: Revengeance, Anderson traz seu estilo de videojogo ao ponto máximo. Mas, antes, vamos falar da "história". Nela, Alice (Milla Jovovich) ganha vida extra, é mandada para a base mãe da Umbrella Corporation onde, em pouquíssimo tempo, é salva com intuito de ser uma arma e acabar com o apocalipse que assola o mundo inteiro, por culpa da misteriosa corporação que persegue a protagonista á inacreditáveis 5 filmes. Em menos de 1 hora e 30 minutos, Alice, e outros personagens, que inclusive, contam com Leon, um dos clássicos personagens da série de jogos, precisam escapar da base com vida. 

Dessa 1 hora e meia, 90% é de ação, somente ação. Sangue derramado é algo que mais vemos espalhados pelos cenários, claramente feitos em fundo verde, corpos caindo no chão, monstros sendo atacados, personagens mal desenvolvidos, frases de efeito... São coisas comuns na série de longas metragens e outros trabalhos de Anderson. Mas para um diretor que tem em toda sua filmografia, longas que são considerados muitas vezes como um dos piores no ano em que foi lançado, o que Anderson quer é público. Ele é como um Michael Bay: Que acha que o público se contenta em explosões, gostosas na frente da tela e tiros, muitos tiros. E se parado para analisar, Retribuição não precisava nem existir para começo de conversa. De toda a sua "camada", o único ponto que deve interessar é o final, de resto, é um espetáculo de pirotecnia, cores, explosões e doses cavalares de sangue sendo jorrado. Nesse sentido, Paul W.S Anderson deve ter aprendido algo com a dupla Neveldine/Taylor, de Gamer, onde só o que importa é ação, movimento, estética, e leva isso a sério. O estilo de jogo é transposto aqui com inúmeras ondas de inimigos, câmera lenta, ação desenfreada e trocas de tiro inacabáveis.

Porém, em Gamer, havia uma tentativa de contar uma história, aqui há um preenchimento de tabela, para um possível RE6, onde a saga de Alice contra a Umbrella e seu líder, o "engravatado aleatório", felizmente chegará ao fim. Mas há até partes boas. Como quando a protagonista ensina a personagem de Michelle Rodrigues (de Machete) a atirar com uma arma: "É como uma câmera, você atira para onde ela aponta". Essa exemplificação, alá qualquer tutorial de jogo são características para dar mais ação, mais rapidez, como quando um monstro é morto por simples 5 tiros de pistola, é o dinamismo. Apesar de várias vezes tentarem juntar as duas mídias, tanto o cinema quanto o videogame são diferentes, contam histórias de outros jeitos: No cinema você vê, no jogo, você - o personagem - vive. E seus estilos são completamente distintos, apesar de haver jogos com gráficos explicitamente realistas. Paul W.S Anderson, a dupla Mark Neveldine e Brian Taylor são os que querem "mudar" o cinema, a suas formas claro. Mas, apesar de colocar uma luta com um "chefe de fase", wave's de inimigos, e sua maior rapidez, dinamismo, Anderson esqueceu de fazer algo chamado cinema. E quando me refiro a "cinema" quero falar sobre o cinema de verdade. Nota: 2/4

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Guerra Civil, de Alex Garland - Uma Análise

Critica: Batman: O Cavaleiro Das Trevas - Parte 1 e 2

Era tudo o que mais queria