Critica: Manchester á Beira-Mar (Festival do Rio 2016)

Casey Affleck brilha em drama de Kenneth Lonergan.
O inicio de Kenneth Lonergan no cinema, como roteirista, trabalhando em comédias como Mafia no Divã, indicavam um caminho completamente diferente do que o visto em Manchester á Beira-Mar (Manchester By the Sea, 2016). Em seu terceiro trabalho, o diretor faz aqui um drama que cresce muito em seus momentos mais silenciosos, de câmera fixa; ou com umas das músicas compostas por Lesley Barber ao fundo, só vendo tudo acontecer por gestos dos personagens. Mas, diferentemente de outros do gênero, aqui não assistimos ao um longa com uma estrutura narrativa usual, e sim, um filme que conta sua história por constantes flashbacks ou lapsos de memória que intercalam as cenas. Uma escolha de contar a história interessante, já que o roteiro - escrito pelo próprio diretor - se beneficia dessa montagem. 

Aqui acompanhamos Lee Chandler (Casey Aflleck), um homem quieto e solitário que ganha a vida trabalhando de faz-tudo e zelador, porém, que precisa voltar á sua cidade natal, Manchester, pois um membro da família, seu irmão Joe (Kyle Chandler), faleceu. O que parece ser um desenvolvimento narrativo linear, entretanto, se mostra bastante aberto, já que o cineasta em nenhum momento tira a interpretação do público diante sua história. Algo que não vimos em Gangues de Nova-Iorque - de Martin Scorsese -, um dos filmes que Lonergan roteirizou, que se mostrava uma narrativa precisa, muito bem construída, porém, normal. 

Todavia, o roteiro se abre para boas interpretações. A escolha de Casey Affleck como protagonista, que já havia mostrado ser um bom ator em grandes obras como Interestelar, e que faz aqui o melhor papel da carreira, foi certeira. Fazendo o tipo deprimido com perfeição e carregando nos ombros o pesado passado de Lee, o ator faz aqui uma interpretação que, igual ao filme, cresce nos momentos de mais silêncio, e, apesar de passar a maior parte do tempo calado, consegue passar os sentimentos do protagonista sem dizer uma palavra. 

Em uma obra que se vale por seus atores - apesar do destaque de Affleck ainda temos atuações boas de Kyle Chandler, Michelle Williams, Matthew Broderick e Lucas Hedges -, a direção e principalmente o roteiro se tornam grandes, já que consegue transformar uma estrutura narrativa, tanto no roteiro em si quanto no desenvolvimento de personagens, diferente das usuais nos dramas em uma história que consegue deixar o público pensante. Nota: 9.1

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