Critica: O Shaolin do Sertão
Halder Gomes reverência Bruce Lee em filme que se inspira nos clássicos, mas mantém sua originalidade.
Quando fez Cine Holliúdy em 2013, Halder Gomes homenageou o cinema feito a moda antiga e a sua importância cultural, numa época onde houve o auge das televisões, em O Shaolin do Sertão (2016), o diretor não só reverência Bruce Lee, mas os clássicos de luta, como O Grande Dragão Branco e Karate Kid.
Edmilson Filho interpreta Aluísio Li, um morador de uma pequena cidade do interior do Ceará nos anos 80 que é aficionado por filmes de luta chineses, os clássicos feitos pelo finado Bruce Lee, porém, ele não é respeitado nas ruas e não é visto por sua amada, interpretada por Bruna Hamú. Eis que um dia a oportunidade bate á porta de Li. Um dos maiores lutadores do Brasil, Tony "Tora" Pleura (Fábio Goulart), irá á Quixadá para uma luta, seu oponente? Indefinido. Aluisio então decide se voluntariar, para ganhar seu respeito e o amor da mulher que tanto ama.
Apesar de um plot um pouco clichê, O Shaolin do Sertão sabe brincar com si mesmo e não se leva a sério a nenhum momento, até nas horas mais dramáticas. Isso fica evidenciado pela sequência pré-créditos, onde nosso protagonista aparece pela primeira vez lutando alá O Tigre e o Dragão (2000) na China contra ninjas. Além de vermos um cearense lutando contra habilidosos do kung-fu, Halder Gomes usa frequentemente durante o longa filtros e efeitos que lembram uma fita-cassete - tanto aspectos da imagem quanto defeitos na projeção, algo que já haviamos visto com menos ênfase em Planeta Terror (2007) ou o curta Kung Fury (2015). Todavia, o diretor faz aqui um melhor aproveitamento do humor nordestino, com piadas envolvendo certos termos e palavras, além de conseguir brincar com a China sem os clássicos clichês.
Como um bom filme de artes-marciais, as cenas de luta são bem dirigidas, com uma câmera fixa, poucos cortes, e com uma ótima coreografia, semelhante a Karate Kid.
Sem os vícios comuns no cinema brasileiro, com O Shaolin do Sertão Halder Gomes e Edmilson Filho mostram que há como fazer filmes de gênero em solo nacional sem apelar para grandes recursos. Com boas cenas de luta, um humor que faz rir, muitas vezes, sem dizer uma palavra. Nota: 8/9
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