Critica: Yoga Hosers (Festival do Rio 2016)

Novo de Kevin Smith acha na bizarrice uma chance de falar sobre a geração Y. 
Em tempos de pouca originalidade no cinema, com produções de refilmagens, adaptações ou reboots á todo momento, Yoga Hosers, de Kevin Smith, mostra que ainda pode haver ousadia no cinema.

Após ter feito Tusk - o primeiro de sua trilogia sobre histórias no Canada -, seu novo longa, porém, adere a bizarrice enquanto tenta abordar certas questões importantes. Em Yoga Hosers, Smith faz um misto entre "filme de colegial" e terror. Na história, as duas melhores amigas Colleen Collete  (Lilly-Rose Depp) e Colleen McKenzie (Harley Quinn Smith) são pequenas lendas locais após terem ajudado a salvar a vida do podcaster, vivido por Justin Long em Tusk, que havia sido sequestrado por um velho sádico e transformado em morsa. Porém, a vida das duas é "bem básica": estudam, trabalham e tem uma banda. Contudo, em um comum dia de trabalho, as duas são chamadas pelo popular Hunter Calloway (Austin Butler) para uma festa em sua casa, mas acabam despertando á vida um mal que reside abaixo das terras de Manitoba desde á Segunda Guerra Mundial.

Ao contrário da primeira película, que tentava ser um terror, por mais bizarro que fosse, aqui vemos diversos "efeitos teen", como as fichas de personagens, que se assemelham a uma tela de perfil do Instagram. E dentro do contexto, são ideias muito bem vindas, já que nunca deixam a obra se tornar seria demais até nos momentos de tensão. Algo que Kevin Smith já havia mostrado em Holydays - um filme composto por diversos curtas de terror passados em datas comemorativas distintas -, onde fazia terror misturado com piadas e escatologias, e aqui consegue assemelhar os dois gêneros sem soar infantil ou bobo. Claro, a tosquice esta de volta, mas pra melhor. 

O personagem recorrente vivido por Johnny Depp, o detetive Guy Lapointe esta de volta com toda a maquiagem possível, e o personagem de Justin Long, o professor de "yoga de shopping" é o mais caricato. Talvez os que mais trazem dignidade são as protagonistas vividas pelas filhas de Smith e Depp. As duas atrizes passam a química perfeita de duas melhores amigas e são a melhor parte do filme sem dúvida. 

Todavia, é curioso o intuito de Smith fazer em Yoga Hosers uma discussão sobre a geração Y e a tecnologia. Indo das incontáveis cenas onde as duas amigas estão com as caras nos telefones á personagem vivida por Genesis Rodriguez, que esta presente em uma cena onde vive uma professora de educação física que da sermões sobre o uso excessivo de tecnologia.

Numa época de uma Hollywood saturada de seus próprios formatos e ideias, Kevin Smith mostra que no meio da bizarrice consegue abrir discussões e fazer uma história tão ousada quanto divertida. Nota: 9/6

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