Critica: Personal Shopper (Festival do Rio 2016)
Drama, espíritos e terror em nova reunião de Kristen Stewart e Olivier Assayas.
Bem diferente de Acima das Nuvens (2014), primeiro trabalho da atriz Kristen Stewart com o diretor Olivier Assayas, porém, Personal Shopper, seu novo projeto, consegue ser inquietante e instigante ao mesmo tempo.
Maureen (Stewart) é uma personal shopper, cujo o trabalho é fazer compras/entregas á seu empregador. Entre o entra e sai de lojas, a jovem também tenta exercer outra habilidade que possui: a mediunidade. Dom que usa para tentar cumprir uma promessa que fez ao seu falecido irmão-gêmeo Lewis, que queria provar a existência de vida após a morte.
Ao contrário do que a história diz, a intenção do diretor não é discutir a religião ou o trabalho do medium, e sim de usar a habilidade de falar com espíritos para desenvolver a personagem e sua narrativa, que em sua lentidão começa a criar um suspense enervante. Além de dar a história rumos que em nenhum momento se tornam pré-estabelecidos. Esse roteiro, escrito pelo próprio diretor, e sua narrativa devem ter servido como base para Assayas ter levado o prêmio de direção no Festival de Cannes. Direção essa aliás que consegue fazer um excelente trabalho de gerar dúvida no espectador e criar uma atmosfera praticamente de terror no filme, algo que a ambientação também consegue reforçar - as cenas externas sempre acontecem a noite ou em clima nublado. E os cenários também conseguem passar perigo, com muitos piscares de luz ou escuridão, dando crédito á casa de Lewis que parece uma casa mal assombrada.
Os efeitos especiais conseguem ser simples mas passar uma sensação de suspense muito grande, além haver muitos objetos flutuantes, que ajudam a reforçar o clima de terror.
Apesar dos poucos personagens, o diretor consegue extrair dos atores boas interpretações. Em especial, da protagonista vivida por Kristen Stewart. Conhecida por seu papel como a principal personagem na infame saga Crepúsculo, porém, a atriz consegue fazer aqui bem o tipo doida, descontente com os rumos de sua vida, tanto trabalhistas quanto amorosos, e que vê em seu emprego uma chance de, talvez, ter uma outra vida, mais simples e fácil. E procurar contato com seu gêmeo falecido, uma desculpa para seus problemas pessoais, ou uma desculpa para se manter igual.
Em um longa que se mostra muito diferente do proposto, Personal Shopper consegue fazer em suas atuações e comedidos efeitos visuais, um filme que sabe alternar muito bem entre drama existencial e terror psicológico. O resultado é excelente. Nota: 9.8
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